segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Je! ... jum...


Tô jejuando
Parado
Em off
Fugindo do tempo
Espaço Unidimensional
Vida parada
Calmaria
Privação
Je! ... jum...

[Introspecção]

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

All work and no play makes Rafael a dull mathematic

All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic All work and no play makes Rafael a dull mathematic

Pensamento do dia 19/08/08



All your base are belong to us. You have no chance to survive make your time.


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cospe ou engole? Vou tentar te ajudar...

"O esperma é constituído por:
  • espermatozóide (os gametas masculinos);
  • líquido prostático (como o próprio nome diz, líquido produzido pela próstata);
  • líquido seminal (da vesícula seminal);

Além de:
  • ácido ascórbico ou Vitamina C (sua principal função é a hidroxilação do colágeno, a proteína fibrilar que dá resistência aos ossos, dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos, além disso é um poderoso antioxidante);
  • ácido cítrico (É usado como conservante natural (antioxidante), dando um sabor ácido e refrescante na preparação de alimentos e de bebidas);
  • ácido lático (uma fonte valiosa de energia química que se acumula como resultado do exercício intenso);
  • ácido pirúvico (Durante a glicólise - a via metabólica mais primitiva - é transformada uma molécula de NAD+ em NADH. Como a quantidade desta molécula é limitada na célula, esta tem que ser regenerada, o que pode ser feito reduzindo o ácido pirúvico);

contém também:
  • frutose (É mais doce que a sacarose, que é o açucar refinado comum);
  • potássio (Dietas ricas em potássio podem exercer papel na prevenção e tratamentos da hipertensão arterial reduzindo os efeitos adversos do consumo de sal);
  • colesterol (é importante para o metabolismo das vitaminas lipossolúveis, incluindo as vitaminas A, D, E e K. Ele é o principal precursor para a síntese de vitamina D e de vários hormônios esteróides);
  • magnésio (Sua carência nos humanos pode causar: agitação, anemia, anorexia, ansiedade, mãos e pés gelados, perturbação da pressão sanguínea (tanto com hipertensão como hipotensão), insônia, irritabilidade, náuseas, fraqueza e tremores musculares, nervosismo, desorientação, alucinações, pedras nos rins e taquicardia);
  • zinco (intervém no metabolismo de proteínas e ácidos nucleicos, estimula a atividade de mais de 100 enzimas, colabora no bom funcionamento do sistema imunológico, é necessário para cicatrização dos ferimentos, nas percepções do sabor e olfato e na síntese do DNA),
  • vitamina B12 (possui uma função indispensável na formação do sangue e é necessária para uma boa manutenção do sistema nervoso);
  • vitamina E (Essencial para o bom funcionamento do tecido muscular, necessária à formação das células sexuais e é vital para o sangue).

Nosso organismo é capaz de nos proteger de possíveis bactérias (veja bem, bactérias, e não vírus) contidas no esperma.

Se esperma engorda? Durante uma ejaculação, em média de 4 centímetros cúbicos de esperma são expelidos, o que equivale a 4 gramas. Esta quantia aproximadamente contém 35 calorias além de gorduras e proteínas. Ejacular na boca engorda menos o parceiro que levar pra lanchar no McDonalds. Sem contar as calorias queimadas no ato sexual..."


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Adaptado do Blog do Becher e uma forcinha da Wikipédia e das teclas Ctrl, C e V do meu teclado!

domingo, 10 de agosto de 2008

Quando os cearenses dominarem o mundo

Todo mundo sabe que os cearenses estão por toda parte. Em geral, o cearense é aquele sujeito baixinho que é o guardador de carro em São Paulo, o chefe de um restaurante na Madison em Nova York, o designer que bolou o logo da Eurocopa em Portugal, ou mesmo um borracheiro no interior da China. O que pouca gente sabe é que, na verdade, isso é uma bem arquitetada jogada que visa a plantar gente nossa em postos-chave da administração mundial. Quando estivermos prontos, será deflagrada a grande tomada de poder e meu conselho é que você fique imediatamente amigo ou amante de um cearense, pois sabe como é: pros amigos tudo, para os inimigos, a lei!

Tomaremos o poder a partir de uma senha pré-estabelecida, que só um cearense saberá o significado oculto. Aos berros de 'Queima Raparigal!' as hostes de cabeças-chatas invadirão os parlamentos e palácios, além de todos os jornais e redes de TV do mundo livre. Ninguém desconfiaria que Francisco das Chagas, humilde faxineiro da CNN (futura afiliada da TV Diário), na verdade, é um professor do ITA que rapidamente conectará a rede de Atlanta para nossos propósitos. Invadiremos e tomaremos o Estado de Pernambuco, vamos dinamitar a nossa refinaria que eles roubaram e vamos construir outra lá no Pecém; também vamos extinguir os times Náutico, Santa Cruz e Sport Recife. Elegeremos um papa cearense, Raimundo I, que canonizará Padre Cícero e determinará que, daí por diante, em todas as igrejas católicas a hóstia seja feita com macaxeira, farinha, rapadura, alternadamente ou os três ingredientes juntos. O vinho será uma cachacinha de primeira misturada com 'Q-SUCO' de uva. Essa simples bula papal fará com que a economia do Ceará dê um salto. O único problema é achar uma mitra que caiba na cabeça chata do papa, mas nós cearenses sabemos improvisar: Raimundo I usará uma fronha de travesseiro enquanto se encomenda outra. A literatura de cordel ganhará status de arte maior e Clodoaldo Mastrúcio ganhará o Nobel de Literatura com seu livrinho 'A moça que engravidou do cavalo e a besta da sua mãe'. Nas artes plásticas, as garrafinhas com areia colorida, os quadros de Xico da Silva e as esculturas de Zé Pinto irão ocupar alas e alas do Louvre. Para arranjar espaço, todas aquelas velharias do Turner vão para o museu de Aracati. A Monalisa fica, pois na avaliação de Serotônio Macêdo, novo curador do museu, ela é uma 'cabôca danada de aprumada'.

O novo Secretário Geral da ONU será Seu Lunga, que resolverá o conflito Israel/Palestina doando vastas extensões do sertão cearense pros brigões. A ata de doação será concisa e formal. Nas suas palavras: 'Magote de fio d'uma égua, bando de mulambeiros, a terra é seca do mesmo jeito e o mar é da mesma cor. Deixem de botar boneco que vocês nem vão notar a diferença e o Ceará ainda é maior que aquela tripinha de Gaza'. A famigerada música cearense tomará o mundo. Numa revanche histórica, as aberturas das novelas globais terão como trilha sonora os seguintes temas:novela das 06h, Belchior, das 07h, Raimundo Fagner, das 08h, Aviões do Forró. Vamos aperfeiçoar o Oscar. Bolaremos uma categoria que premiará o melhor filme de cangaço, melhor cena de amor numa jangada e melhor mocotó. O cruzamento mais famoso do Brasil não mais será 'Ipiranga com Av. São João' e sim Barão do Rio Branco com Liberato Barroso.O jornal do 10 será transmitido para todo o mundo com a seguinte noticia:* O rodeio será substituído pela vaquejada; Coca-cola pela água de côco; Garota de Ipanema por Garota da Barra do Ceará; Praia de Copacabana por Praia do Futuro; Fla x Flu por Ceará e Fortaleza, Real Madrid por Ferroviário; Central Park por Parque do Cocó; As torres gêmeas, que já foram destruídas mesmo, por Palácio do Progresso; As melhores faculdades européias pelo Liceu do Ceará; Demitiremos Gugu Liberato e Faustão e colocaremos em seus lugares João Inácio Jr e Ênio Carlos; Roberto Carlos por Babau do Pandeiro; Funk por Xaxado; Disneylândia por Beach Park; Av. Paulista por Bezerra de Menezes; Canecão por Siará Hall (na Washington Soares é show); Escolas de samba por quadrilhas juninas; Chiclete com banana por Mastruz com Leite. Colocaremos alguns cearenses nas presidências dos principais países como:França: Cid Gomes; Cuba: Inácio Arruda; Argentina: Débora Soft (ela é burra mesmo e eu quero mais é que a Argentina se exploda). A primeira ministra da Inglaterra será Patrícia Gomes. A capital do Brasil será Fortaleza. A capital do mundo ainda será Nova York, mas a gente vai rebatizá-la de Nova Quixeramobim e vamos trocar aquela estátua cafona por uma enorme estátua da Índia de Iracema. Yeah!
Não vejo como o plano possa falhar, pois cada vez mais nossos agentes se espalham pelo Brasil e pelo mundo todo. Só nos resta esperar, de preferência no fundo de uma rede, enquanto as engrenagens giram por si. Adeus e até a vitória! Como sou modesto, quero para mim apenas um título de nobreza e umas terras anexas, de preferência o município de Aquiraz que é vizinho da capital e tem belas praias. Saudações cearenses!!! E que nosso Padim Pade Ciço teja com todos nós!!!!!
(Autor desconhecido, mas parece que é cearense, Cabra da Peste)

sábado, 2 de agosto de 2008

Pensamento do dia 02/08/08

"As mais célebres frases nada mais dizem do que o mais óbvio senso comum, que estava nas entrelinhas apenas à espera de ser observado. Desconsiderar isso seria dizer que nada existia nas entrelinhas , logo, nada seria concluído, o que resultaria na derrubada de todos os pensamentos "produzidos" até hoje, pois todos provieram de uma única entrelinha. Agora apenas não nos cabe saber quem colocou as entrelinhas lá."

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Voyage

Senti uma vontade de viajar pelo céu
Ver cada estrela batendo no meu rosto
Com suas caudas flamejantes
Enfrentar a gravidade zero
E, de repente, sentir-me despressurizado
Esmagado, queimado pela alta temperatura
Num passe de mágica, eu estava vivo
E curtia a viagem numa boa
Como se o Universo tivesse dito sim à meu apelo
Agora tenho carta branca pra viajar na Via Láctea
E posso ter todas as minhas certezas:
Que as nuvens são feitas de algodão
E que o colosso que jorrou do seio de Hera
Foi o que tornou nossa galáxia visível nas noites limpas...
E que as estrelas são lindas e grudadas na abóbada celestial
E que o horizonte é um abismo onde o Sol dorme
E onde a Lua se esconde quando a chamam de Nova.
E nesse mesmo céu, antes grande, agora tão pequeno,
Onde quer que eu olhe, eu vejo o teu olhar,
A me fitar, e isso me dói, porque não consigo te achar
Em lugar nenhum, onde quer que eu vá.
Eu quero te achar, e minha maior frustração de viver
É viver sob o teu olhar e saber que talvez eu nunca te veja
Nunca como eu queria ver.

domingo, 13 de julho de 2008

Abrindo minha cabeça sobre o chão da sala

Hoje eu vou à guerra lutar contra o exército de meus eu's
E essa será a mais justa das batalhas que já travei
Pois tudo que vai acontecer, já está previsto que em meu fim
Só se difere de mim mesmo no quesito "quem eu era e quem eu sou"
Eu nunca termino com finais felizes, mas nunca termino derrotado
O poder de decidir o cargo que ocupo é meu o tempo todo
E sou justo comigo mesmo e mando sempre em mim mesmo
E nunca me deixo ser mandado, nem por "mim-self"
Quero apagar as minhas marcar, as minhas memórias
Destruir toda prova de que já estive por essas estradas
Não me importar com a mais sublime coisa que voar diante de mim
Acabar com todo o sofrimento dos diversos eu's adormecidos, em coma
Retirar a menor esperança de que ainda há a sorte, no tentar
Abrir uma enorme fenda na minha cabeça e, com um fórceps
Arrancar cada um de mim. Um por um. Até que não restem nenhum deles.
Agora, que está tudo caoticamente espalhado pelo chão rúbio
Posso começar a escolher o que de melhor há nessas peças
E começar a montar uma nova traquitana pensante móvel
E ainda podendo pegar as raridades do ambiente,
Quem sabe aquela raiz exposta na calçada do passeio
Ou aquela criança chorona que passeia na rua todas as tardes
E o caminhão de coleta que passa às 22:30h, e sempre me acorda
E também um ladrão, uma prostituta, a minha tia chata,
E ainda uma velha fofoqueira da vizinhança
Talvez assim eu possa deitar em meu travesseiro arranjado
E acordar pensando em fazer alguém me amar

domingo, 6 de julho de 2008

Beco Vazio

Te segui até aquele beco triste
Pra onde você fugiu àquela noite
Você foi porque era escuro
Era sozinho e insano
Mas na real, era pelo silêncio
Pois era possível ouvir o próprio grito
Saindo de dentro do coração
E quebrando todas as paredes,
Mesmo deixando o concreto intacto
Levava a tua mensagem até ele
E é por isso que me odeio
Pois estou ainda sentado à janela
Esperando meu pombo-correio
Esperando a minha vingança
Contra o meu homônimo maldito
Aquele que afasta de mim a esperança de ti.


Ainda vejo teu olhar triste
Percorrendo as ruas completamente escuras
Suas luzes não te iluminam mais
Suas cores não te encantam mais
E suas pessoas não o interessam, mas
Como seus olhos nunca foram delas
A diferença não é tamanha
O que fica evidente agora
É que aumentou a sensibilidade
Pra notar o teu redor.
Mas precisa crescer mais.


O teu coração canta, clama, grita
E ninguém pode apaziguar
Eu queria poder te acalmar
Te mostrar que quando o rio corre
Ele segue sonhando encontrar o mar
E não importa o que aconteça
Um dia ele encontra a imensidão
E o que era doce, temperou
O que era rio, mareou
O que era inteiro, se quebrou
O que era início, terminou
O que era tela, então pintou
O que era vazio, ocupou
O que era medo, acalmou
E o que era paixão, enfim, amorizou.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Aos meus amigos (Autor Desconhecido)

Hoje, ao atender ao telefone que insistentemente tocava, o meu mundo desabou.

Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha me informava que o meu melhor amigo, meu companheiro de jornada, meu ombro camarada, havia sofrido um grave acidente, vindo a falecer quase que instantaneamente.

Lembro de ter desligado o telefone e caminhado a passos lentos para meu quarto, meu refúgio particular. As imagens de minha juventude vieram quase que instantaneamente à mente. A faculdade, as bebedeiras, as conversas em bares até altas horas da noite, os amores não correspondidos, as confidências ao pé do ouvido, as colas, a cumplicidade, os sorrisos.

AH!... Os sorrisos.

Como eram fáceis de surgir naquela época. Lembrei da formatura, de um novo horizonte surgindo... das lágrimas e despedidas, e principalmente das promessas de novos encontros. Lembro perfeitamente de cada feição do melhor amigo que já tive em toda a vida: Em seus olhos a promessa de que eu nunca seria esquecido.

E realmente, nunca fui.

Perdi a conta das vezes em que ele carinhosamente me ligava quando eu estava no fundo do poço, e eu nunca respondi os e-mails que ele constantemente me enviava, enchendo minha caixa postal eletrônica de esperanças e promessas de um futuro melhor. Lembro que foi o seu rosto preocupado que vi quando acordei de minha cirurgia para retirada do apêndice. Lembro que foi em seu ombro que chorei a perda de meu amado pai. Foi em seu ouvido que derramei as lamentações do noivado desfeito.

Apesar do esforço para vasculhar minha mente, não consegui me lembrar de uma só vez em que tenha pegado o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante para eu contar com a sua amizade. Afinal, eu era um homem muito ocupado. Eu não tinha tempo. Não lembro de uma só vez em que me preocupei de procurar um texto edificante e enviar para ele, ou qualquer outro amigo, com o intuito de tornar o seu dia melhor. Eu não tinha tempo. Não lembro de ter tido um único dia em que eu estivesse disposto a ouvir os seus problemas. Eu não tinha tempo.

Acho que eu nunca sequer imaginei que ele tinha problemas.

Não me dignei a reparar que constantemente meu amigo passava da conta na bebida. Achava divertido o seu jeito bêbado de ser. Afinal, bêbado ou não ele era uma ótima companhia para mim.

Só agora vejo com clareza o meu egoísmo.

Se eu tivesse saído de meu pedestal egocêntrico e prestado um pouco de atenção e despendido de um pouquinho do meu sagrado tempo, meu grande amigo não teria bebido até não aguentar mais e não teria jogado sua vida fora ao perder o controle de um carro que com certeza, não tinha a mínima condição de dirigir. Talvez ele, que sempre inundou o meu mundo com sua iluminada presença, estivesse se sentindo sozinho. Até mesmo as mensagens engraçadas que ele constantemente deixava em minha secretária eletrônica, poderiam ser eu jeito de pedir ajuda. Aquelas mesmas mensagens que simplesmente apaguei da secretária eletrônica, jamais se apagarão da minha consciência.

Estas indagações que inundam agora o meu ser nunca mais terão resposta.

A minha falta de tempo me impediu de respondê-las.

Agora lentamente escolho uma roupa preta, digna do meu estado de espírito e pego o telefone. Aviso o meu chefe de que não irei trabalhar hoje e quem sabe nem amanha, nem depois, pois irei tirar o dia para homenagear com meu pranto a uma das pessoas que mais amei nesta vida.

...

Ao desligar o telefone, com surpresa eu vejo, entre lágrimas e remorsos, de que para isto, para acompanhar durante um dia inteiro o seu corpo sem vida... EU TIVE TEMPO! Descobri que se você não toma as rédeas da tua vida, o tempo te engole e te escraviza. Trabalho com o mesmo afinco de sempre, mas somente sou "o profissional" durante o expediente normal. Fora dele, sou um ser humano. Nunca mais uma mensagem da minha secretária eletrônica ficou sem pelo menos um "oi" de retorno. Procuro constantemente encher a caixa eletrônica dos meus amigos com mensagens de amizade e de dias melhores, e dizer às pessoas como elas são importantes para mim. Abraço constantemente meus irmãos e minha família, pois os laços que nos unem são eternos. Esses momentos costumam desaparecer com o tempo, e todo o cuidado é pouco. Distribuo sorrisos e abraços a todos que me rodeiam, afinal, para que guardá-los? Enfim... Deixo sempre alguém feliz... hoje e sempre!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Uôrdis

Bus, Airport, Airplane, Airport, Bus, Hi!, Kiss, Eye-to-eye, Kiss, Bus, Taxi, House, Home? No.
People, Hi!, Hi!, Hi!, Hello, Bedroom, baggage, Bed, Kiss, More, more, more...
Hands, skin, Eyes, Clothes, Careless, Kisses, Arms, Mind...
Colors, flowers, rivers, Mountains, (FUCK).
End, Kisses, Promises, Passion, Love, Taxi, Bus, Airport, Airplane, Airport, Bus, taxi, HOME.
Awake.

Distante

Paixão Platônica da minha parte, tara da sua.
Sonhar faz bem, e quero realizar todos os meus sonhos.
Utópicos ou não, faço meus os seus e queria que fizesses teus os meus.
Quero te abraçar como nunca ninguém foi antes,
Provar o sabor cruel da saudade nos teus lábios,
Tirar na tua carne a angústia da minha pele,
E desfrutar os mais bacanais prazeres nas tuas mãos.
Sabendo que talvez a primeira e última das minhas maravilhosas noites
Terminaria com um acordar assustado com gosto de quero mais.
Meus segredos estão expostos a ti, e minha sede se traduz no meu olhar.
Se te quero como antes, não me importa mais,
Pois sempre te quis, e quererei até que eu me acorde novamente.
E talvez eu nunca te alcance, pois está duplamente distante de mim.
És a minha impossibilidade. Mas ainda me reserva o destino três dádivas:
A Esperança; O poder de sonhar; E a incerteza dos caminhos da vida.
E distância nenhuma é capaz de destruir esses dons.

domingo, 15 de junho de 2008

À Espera da Esperança, no fim.

Carta de Despedida
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Meu Caro,



Venho pelas curtas linhas que me foram dispensadas tentar costurar os retalhos dessa pavorosa situação. Realmente tenho de confessar que o prazer de ter toda a alegria que o dinheiro possa proporcionar é uma tentação para qualquer mulher. Mas os motivos que me afastaram de vós foram maiores que isso.
A tua beleza não reside só no poder de tuas palavras, mas a forma como elas eram cuidadosamente pronunciadas - e até algumas vezes sussurradas baixinho ao ouvido - são a maior parte do charme! Teus encantos são muito maiores do que as tuas poesias, meras palavras mesmo que cheias de poder. Não sou movida a letras, mas sim, a carícias. Estive estes anos todos ao seu lado pela forma como me fazias sentir amada, querida. Mas a tua vida se resumia a olhar-me, inspirar-se e procurar agradecer-me pela inspiração prestada. Mas eu sou uma mulher, e sou mais que uma musa, sou mais que uma inspiração. Sou uma rosa, tão sensível quanto, tão colorida quanto. E tão viva quanto. E não pude sentir-me viva enquanto não notavas que eu tinha espinhos, que eu murchava à falta de cuidados. E que poéticas e aquarelas já não me satisfaziam a alma e o ego.
Dei minha cartada final, o maior golpe que qualquer descendente de Eva pode repassar: A tentação. Foi com ela que te proporcionei o que ousas categorizar como "a melhor noite de sua vida". E assim o fiz. Quando do amanhecer, saí com a certeza de que não mais o veria, e de que não mais viveria essa amor tão sublime da forma mais justa que possa haver no mundo. Te deixei meu lenço branco, que me foi dado pela sua pessoa na ocasião de meu aniversário último. Nele estavam gravadas as seguintes palavras: "Eis me aqui, pronto para suas lágrimas, mesmo nunca desejando vê-las.". Beijei-o. Resolvi que essa seria a minha melhor lembrança a você, pois estaria embebida de poesia e de sentimento, e que renderia muito mais olhares indiretos que diretos. E sabia que não terias olhares para outra forma de vida. E sabia que esse amor cegaria-te por toda a eternidade. Sabia também que meu lenço seria idolatrado totalmente inerte. E seria guardado, sempre soube, intacto.
Estive em muitos lugares mundo afora, e conheci novos horizontes. A única coisa que não morreu dentro de mim foi a esperança. E foi ela que me fez chegar até tuas linhas, por acaso. E mesmo que nessa ocasião, mesmo vendo que não estás mais aqui para aliviar-me a dor, eu resolvi que seria justo responder-te, dá-te a oportunidade de ouvir a minha. Minhas fracas pernas já não agüentam meu peso, e minhas trêmulas mãos já cansam com algumas poucas linhas, mas esforço nenhum me trará de volta a esta mesma sala alguns anos no passado. Se me arrendo? Não. Pois a minha convicção - de que aquela seria nossa última noite - ter sido totalmente concretizada me dá a força pra seguir adiante nos meus dias, ainda que quase escassos. Força essa que me trouxe até aqui hoje a arrumar suas gavetas, agora abandonadas.
Te desejo uma boa viagem, e que me esperes, pois agora já sabes de tudo, e quaisquer dúvidas perguntas ao Onipotente, que agora está ao teu alcance.


Beijos de sua eterna maldita,
Clara Cavalcantti

PS: Hoje vim pôr fim ao seu sofrimento, assim como à minha espera. Sabes aquela casa do outro lado da rua, que sempre esteve abandonada? Por todos esses anos vivi bem ali, esperando que você abrisse o lenço que te dei. Nele estava escrito: "Sob o vaso na janela está a chave da minha casa, que é logo ai na esquina. Te espero."

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ontonte ôvi uma proza tristi

Fais unz dia qui eu mi aprocheguei puraquí
I num paricia ton diferenti du qui eu cunhicia
Inté qui oiei cunz óio maiz bein abrido
Era uma diferensa mei iskisita di sintí
Uma coisa qui os zóio mei qui num via
Mas a ialma si muía di tom que era o duído

Oiei na rua i num via ninguein nos bar
As pessoa num si senta a prozêiá nas calssada
Us mininu num brinca di corrê inté cansá
Vívi presu dentu duma casa injaulada

Nun sei cumé ki êlis si aguenta
Essa falta du qui fazê o dia todu
Di casa pra iscola, êlis só sai e entra
Só vendo sempre akeli mêrmo pôvu

Essa minha roça era diferenti dimaiz
Aquilu sim é que é uma vida boa!
Nóiz corre, nóiz brinca, di tudo nóiz faiz
Trabaiandu , nóiz nunca tamo a toa

Si'acordemo cedo pra dismamá as vaca
Juntá us óvu i prepará a bóia
Í pro rossadu, cá inxada e cás faca
Pra coiê o qui prantô, i dá pra patrôa

Um vixtido di xita bein bunitim
Pra ela si sinti a dona du pedáçu
I cuidá dos minino tudu cum carím
Prum mode dá pra eu um abrássu
I um xêro no cangote do neguim

Nus dumingu tomá aqueli banhu maiz caprixadu
Botá aquela colonha importada da fransa
A rôpa maiz arrumada, cum xêro de guardadu
A butina qui ingraxei pru dia de danssa

Si ajuntá na quermesse adispois da missa du santu
Pra nóiz vê u muvimentu du queim-vem, du queim-vai
Oiá as muié bunita dando sopa num cantu
I us fógos di artifíssu nu séu, que si paressi cum az istrela qui cai

Indu lá prás banda pertu du má
Um dia nóiz si mudemu da cidadi
Mutivu da fía qui ia istudá
Numa tár di faculidadi

Essa minina, qui já era era muié,
Tava grandi, trabaiadêra danada,
Mau si via ela pra tumá café
Só si via lá pra meia noiti, deitada

Muída di cansassu du mundu
Cansada di tambein ficá só
Chamô nóiz pra vivê na cidade
Cunz ói xei dágua que dava dó

A vida era muintu difícir
Nóiz nun sabia fazê nada pur lá
Trabaiu nin um sirvia pra nóiz
Di fazê nada a genti ia um dia cansá

Maiz o amô era maió
I a fía tava contenti
Ficava toda geitoza
Ria que via os denti!

Unz anu si passô i a muié ficô duenti
Um tár di cânci qui ela pegô
Durô pôcu, sofreu muinto
Nin um ospitár salvô minha frô

Um vazíu nu peitu qui dói a alma toda
Num quiria maiz sabê dessa cidadi assassina
Levô minha frôzinha bela inda ton mossa
Me dexô sozim cás minha minina

Nun guentei di vontadi
Di í era minbora dalí
'Rumei tudo minhas mala
Vi u ônbus, i subi
Nun sisquecí da maudadi
Nein da dô qui sinti
Do amô qui se foi
I di tudo qui eu vi

Vortei pra páiz du meu lá
Pá minha caza ton quirida
Maiz quaiz nun ricuincí
A rua qui viví quaiz toda vida

Hoji vivo du mermo geito da cidadi grandi
Meu Deuz, mau nin um pra ninguein eu péssu
Puêra, Lixu, Violenssa, Mórti, e as Duenssa,
Prifiria tê vivido sin ter vistu essi tár de pógressu!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O que fiz pra te roubar pra mim (or Happy Birthday, my inspiration!)

Jeito de menino
Cara de moleque
Faz o dia mais feliz
Cada vez que olha pra mim
Nunca tá de bem
Nunca tá de mal
Tá sempre vivendo,
Sentindo cada segundo
Faz aquilo que tem que fazer
Não hesita, não pára pra ver
E é por isso que me encanta
Que me faz sentir O.K.
Além de me inspirar
Cada vez que cruza-me o caminho
Virtual, mais que real
Vivo, cheio de gás
Jovial, mas não tanto mais!
Hoje é o dia, e cada dia é só mais um
A continuação de ontem e
A primeira parte de amanhã
Todo dia é seu dia
Basta que você apareça e tudo fica "blu"
Te digo sempre "tchau" com sabor de "té logo"
Porque a tua presença me entra
Me invade por mais que sete buracos
Pois não tá só na minha cabeça
Tá no meu coração!

Roubarei você um dia
E nunca mais vou te devolver
Não poderei dar garantia
A não ser que você
Não queira comigo fugir

Comigo largar tudo e sair
Ainda que seja por pouco tempo
Rápido e direto, sem demora
Vou te levar, mas posso te trazer
Aqui e ai, sempre que quiser é só perceber
Ler atentamente o que tô a te dizer
Hoje é dia especial e você ao menos vai querer
O acróstico que fiz pra você.

Proibido

Não podemos estar sempre juntos
Não nos vemos todos os dias
Não nos amamos pra todos verem
Não nos beijamos aos olhos alheios
Não nos abraçamos em público
Não conversamos sobre nós com ninguém
Não pegamos no pé dos outros
Não nos ligamos o tempo todo
Não nos abrimos ao mundo
Não transparecemos o que sentimos
Não dizemos aos nosso pais o que é que há
Não atualizamos nossos documentos
Não assumimos a nossa postura
Não nos exibimos em qualquer lugar
Não nos deixamos levar pelos instintos
Não nos movemos em prol de nós mesmos
Não nos expomos às provas da vida
Não fazemos direito as tarefas de casa
Não paramos de pensar uns nos outros o tempo todo
Estamos em todos os lugares
Jovem, velho, branco, preto,
Alto, baixo, largo, estreito,
Leve, pesado, experiente, novato,
Homem, Mulher, rico, pobre,
Drogado, adúltero, gay, ladrão,
Entre outros marginais sem opção
Opostos ou Unidos
Nada podemos
Pois nada é permitido
Mas não desistimos nunca
É mais gostoso quando é proibido.

Inspiração

Naquela noite você me fitou, Nem notei
Estava em boa companhia, mas algo me faltava
A escuridão descia sobre mim
E tudo ficava soturnamente calmo, entediante
Saí. Ali achava que era o fim daquela odisséia
Mas não era
Algo me mandou olhar pra trás
E foi então que esse mesmo algo me trouxe de volta
Mas não sabia ao certo ainda pra quem ou por quê.
Voltei, e ao entrar, você já me fitou, de cara
Dissestes: "Te cuidei a noite toda.
E prometi pra mim mesmo: só vou embora
quando eu tiver os seus braços ao redor do meu corpo."
Quanta paranóia, envolvida em sedução...
Me senti endiabradamente possuído por uma força
Força essa sensualmente poderosa,
Movedora de moinhos e de montanhas
"Vem comigo? Agora? Pra onde? Outro lugar, bem longe daqui..."
Muito cedo, porém tarde o suficiente.
- Promete que vai me mostrar tudo? -
"Só prometo que terás uma noite maravilhosa."
E claro, aceitei sem hesitar. Diante de uma assertiva dessas,
Que poderia eu fazer senão dizer sim?
E conheci todos os meus sonhos,
Em todas as formas e cores...
Alguma coisa parecia ser truque, mas,
Na verdade, garotos pensam demais
E aí me dei conta que era real
De repente, entre as folhas, a relva,
A natureza conspirando naquele amanhecer
Gostoso como um entardecer de outono
Amor no café, Carinho no almoço, e mais amor de sobremesa.
Quando a distância nos separou novamente
Mudou minha vida pra sempre
Divisor de águas
Pude ver finalmente a metamorfose
Eu mesmo a se desprender de mim
A queda da antiga morada
Meu templo em reforma
Sagrado âmago em reconfiguração
As coisas se desfragmentando
Assumindo nova ordem e retomando o rumo
Avante, seguindo agora.
Eu prometo que nunca vou esquecer essa noite
E que ela nunca sairá de meu ser,
Afinal, foi responsável pelo que sou hoje.
Se é amor, não sei. Não ouso.
Não posso enfrentar meus piores inimigos, ainda
Pois minha independência depende do quão forte
Serei e seremos
Antiga brasa ainda aquece
Mas não há fogo, já não brilha.
Quando você descobriu o meu mundo
Você me reconstruiu
E só não me possui por inteiro
Porque ainda não estamos fitando-nos.
Quero te ver. Hoje.
Pois é de ti que vem minha inspiração.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Sem saber a gente sempre acaba errando

Eu fiz essa musica pra você
Pensando em tudo que eu sempre quis dizer
Pensando nas cores que insisto em nunca ver
Achando que ia servir pra te trazer aqui
Querendo te ter em meus braços
Só pra te mostrar que dá pra sentir o mundo girar
Que a gente pode se amar com o mundo se acabando
E sem saber a gente sempre acaba errando
Errando feio e pisando na bola
Querendo que a vida funcione dessa forma
Ainda tô aqui te esperando
Pra te dar aquilo que te prometi

Naquela noite você me disse que
nunca mais iria me esquecer
Eu acredito naquilo e não abro mão
E sei que tô certo de saber, mas
Sem saber a gente sempre acaba errando
sem querer.

Planto sentimentos sem saber
O que poderá dali nascer
Na verdade até sei
Que só se sabe ao crescer
Se é amor ou se não é
E sempre fico pensando
Que sem saber a gente
sempre acaba errando

Penso em ti, e vem a inspiração
Penso longe, penso simples, penso não
Na verdade penso é torto e sei
Que perco muito tempo pensando
Mesmo sabendo sem saber
a gente sempre acaba errando...

Simples ou complicado
No início ou acabando
Alto ou baixo, magro ou gordo
Velho ou novo, preto ou branco
Não lembro quem me contou
Mas inda lembro daquele olho
Da frase que me disse olhando
Alguém me disse que sem saber
A gente sempre acaba errando

Onde andei as pessoas tinha medo
De viver, de tentar, de amar
Mas na real, ninguém tava era tentando
Por medo de saber que sem saber
A gente sempre acaba errando

Mas o medo pode ser bom
E é melhor até pensar errado
Pensei agora em ser apenas teu amigo
Já pensou o que eu tô pensando?
Que quero mesmo sem saber
Pensar errado pra acabar errando.

sábado, 7 de junho de 2008

Continuação

Assim acredito que funciona:
Nunca pára. Sempre é continuação.
Nos filmes, na tv, no mundo, na vida:
Avô, pai, filho, neto, tudo é continuação.
Tava pensando em ti ontem.
Hoje é só uma continuação de ontem.

terça-feira, 3 de junho de 2008

A cruz

Numa noite, depois do apocalipse, os sobreviventes enfim resolveram abandonar suas casas, sob um medo terrível da Fúria Divina. Quando finalmente puseram os pés na rua, puderam observar que estava tudo diferente, como se suas casas estivessem sido transferidas quase que milagrosamente para o alto de um planalto, donde se via quase todo o mundo, e podia-se contemplar toda a destruição causada pela Cartada Final da Sabedoria Divina. Observou-se ainda que, ali no alto, além das casas, haviam cruzes de madeira, bem grandes e possível e extremamente pesadas. Então, do nada, ouviu-se um voz, de uma magnitude esplendorosamente pura, diria Divina, pra ser mais preciso. A voz, eloqüente, dizia:

"Cada um de vós, que sobreviveu a todas as provações, são os Meus, escolhidos por suas vidas dedicadas ao próximo, ao amor e a caridade. Mas, a última provação ainda está por vir. A salvação é uma cruz, com um caminho tortuoso a se percorrer. E só a paciência vos salvará. Então, sigam na direção do vento que sopra, cada um carregando uma dessas cruzes que estão a ver."

A Voz cessou, e então cada um de nós pegou uma cruz. Seguimos o vento. O caminho era realmente tortuoso, cheio de falhas e perigos, ervas urticantes e espinhos, e a cruz era demasiadamente pesada, de uma madeira com qualidade antes nunca vista. Parecia indestrutível.

Porém, um dos colegas, que carregava um artefato metálico pequeno, resolveu ir disfarçadamente tirando pequenas lascas da cruz, com o objetivo de reduzir seu peso. Em princípio a idéia parecia boba, mas com o tempo, o peso foi realmente diminuindo e o ritmo do passo melhorando. As pessoas, exaustas, não entendiam como o rapaz conseguia extrair tanta força de seu corpo debilitado, maltratado pelos intensos dias de frio, fome e escuridão, enfrentados outrora.

Ao passar de alguns dias de caminhada, a cruz do homem estava visivelmente menor. Alguns outros haviam desistido das jornada, outros simplesmente sucumbiram de exaustão. Ele então concluiu que Deus o estava perdoando, e que o segredo da caminhada seria o discernimento para administrar o peso que carregas. Dizia ele: "Deus nos deu inteligência, e a pôs a prova nesse momento. Portanto, vamos chegar lá, usando o mais precioso dos dons que herdamos da Divina Criação."

Alguns dos viajantes resolveram aderir a idéia. Outros não. E assim foi, até o final do último dia, quando finamente chegaram a um rio, com uma intensa correnteza. A voz Divina então os confidenciou novamente:

"Vocês que chegaram aqui, trouxeram seu fardo para consigo. Agora, usem as suas cruzes para atravessar o rio. Apenas confiem na cruz que Eu vos dei, ela é perfeita, da madeira ideal, retirada dos Jardins Sagrados. Foram talhadas de tal forma a ficarem sobre a água e transportá-los em segurança à outra margem, onde estão os portões do Paraíso. Venham e compartilhem hoje da maior das virtudes que Eu vos dou."

E aqueles que estavam com suas cruzes reduzidas a pedaços de madeira, nunca puderam contemplar a beleza da outra margem.

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Esse texto é um conto que ouvi de meu avô em algum "adro da memória", como disse o colega Luciano Mello...

Amo você muito, seu Arlindo.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Saudade

Quando penso naquelas noites de ruas lotadas, de pessoas felizes, de olhares conectos, emerge um saudosismo incontrolavelmente irremediável. A impressão que dá é que a maturidade faz mal, que abrir os olhos não vale a pena, que o amor é fruto a se comer verde. O ar, pesado, faz com que sinta uma angústia infernal, a saudade de algo que as cálidas noites proporcionavam com exímia destreza, e que agora já ausente em mim. Ouvir aquelas lindas palavras dos mais próximos, e os belos sons da natureza, já me é lugar garantido apenas na memória. Essa mata culta de concreto armado lúgubre e tenaz me dá o meu ultimato: Preciso fugir daqui. E rápido.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Livro dos Gritos de Desamparo

Porque você me enganou com suas palavras doces?
Porque tentou me levar pr'o seu jogo?
Porque me fez acreditar que era de verdade?
Porque construiu um castelo de cartas enquanto eu te dava tijolos?
Porque me fez sentir amado se não havia amor?
Por que traçou todo o plano se não era pra ganhar?
Por que comprou uma briga se não sabia brigar?
Por que fez com que o rio fluísse se não era pra cair no mar?
Por que me fez desistir de ser feliz pra te dar atenção?
Por que você nunca me disse que era desse jeito?
Por que desde sempre me guiou ao precipício?
Por que me fez cair na tentação, se não me livrarias do mal?
Por que tanta prece se não há perdão?
Por que bondade no olhar se há apenas uma penumbra maligna na sua alma?
Por que tantos males se não eram para o bem?
Por que beber se não havia sede?
Por que satisfazer o doente se a esperança já se foi?
Por que alimentar saudades se não havia porém?
Por que instituir o que não pode administrar?

Todas as coisas que vi e vivi servirão para constituir minha triste condição de cúmplice.
Ai de mim!
Fui cego!
Fui burro!
Fui coxo!
Fui mazelado!
As chagas que estão abertas em mim são como velhos vulcões adormecidos.
As memórias me tornam tão quanto Atlas. Para mim, como o suster o céu.
As lastimas me castigam, são cilício, coroa de espinhos.
A inspiração de outrora é o meu corvo; Sinto-o em meu fígado todos os dias.

E vós,
Que sempre estará às margens de mim
Que ilhado estou,
Toma a tua corrente
Tua chibata
E usa-a como de praxe,
Só não esqueças que
As velhas costas corroídas,
Do teu fiel amante e escravo,
Já não estão à tua mercê.

Pois sou morto,
Morto em vida,
Vivo sem alma,
Rico de amargor,
Cheio de uma fúria incontrolável.

Não revido, nem desejo te o mal,
Só espero que saibas que nunca vou esquecer
Que nunca vou desaperceber
Quando teus ruidosos passos
Se aprochegarem ao meu recanto

Nunca mais invadirás o sagrado templo de minha nobre alma.

PS: Só ainda sou leal a ti, pois te concebestes assim, dentro de mim, fidele.
_______________________________________________

Sim, musa-inspiração, isso tudo é seu.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Promessas incompletas, mas já quase concretizadas

Assim vou eu, nesta tarde vazia de pessoas, vazia de sabores, mais ainda de cores.
Quando eu conseguir expressar tudo que vi nessas núbias penumbras, finalmente poderei dizer a todos o quanto esse sentimento que me aprisionava tem um fator libertador fortíssimo. Segredos nunca ajudam, sempre aprisionam. Quando eles resolvem expor a si num anoitecer como esse que vejo pelas frestas de minhas persianas, começo a sentir que tal revelação pode sim ter poder emancipador. Se um dia, sentires que algo está enjaulando todas as suas esperanças, fique feliz, pois é nessa hora que você precisa tomar as rédeas e assumir esse fardo, afinal, essa religiosa âncora nunca vai ser, por si só, a dona da situação. O poder do verde é seu, e só seu.

domingo, 25 de maio de 2008

A Paixão, segundo o Primeiro Olhar e Contato

Bem assim sendo
eu vos digo sem medo
par perfeito não existe
mas sim, amor-segredo
opção poucos têm
quase nunca dá certo
mas amor-segredo todos vêem
logo que chega perto
sente o frio na espinha
sente o corpo aquecendo
coração tá na beirinha
de deixar o tal morrendo
quem será? não importa
mas sim, o que reluz
é no cheiro, é na manha
é na tua palavra ganha
pois o que parece não traduz
o que no léxico comporta
sete línguas falarei
sete mares ganharei
sete ventos soprarei
sete reinos levarei
sete vidas vou viver
sete anos vou perder
sete palmos vou descer
e amor-segredo, vou te ver.
Ele nunca tá na linha
ele nunca tá no chão
mas tá sempre na tua cara
e quase sempre ouve: não!
Seja você branco ou preto
amarelo ou que cor for
te digo, o par perfeito,
é por ti mesmo, o teu próprio amor.
Amor-segredo é sagaz
age sempre na mutuca
quando pega, é voraz
te agarra pela nuca
te beija no cangote
te faz gato e sapato
te pega, dá o bote
quando viu nem deu pro papo!
Agora digo, sem dó
que o teu par assim se vai
do nada, sem avisar
ele acaba, e nunca mais.

Ritmo

Hoje creio no mundo
e também na vida que levo
nos sonhos que alimento
Nas casas coloridas
pelos donos insatisfeitos
com as fachadas insípidas
com as cores toscas
na esperança de obter
o insólito resultado
sempre com pouco siso
Nas pessoas distraídas
em seus andares monótonos
pé ante pé,
horizontes anarquizados
em suas linhas indecisas
-porém direcionadas-
Nas crianças divididas
entre aulas e jogatinas
Sua expressão jocosa e
suas atitudes ingênuas
me trazem a lembrança
do tempo de meu pai
quando pipas e gudes
pião e correrias mil
queimavam essa energia
agora morta em ilhas de pedra
em universos distantes
Mas apenas UM olhar atento
me faz ver que ainda há esperança
me faz crer, em cada brilho
em cada olho, em cada gesto
Que a vida se adaptou
e que o ritmo do universo inteiro
se acostumou a nova regra
E assim vivemos
e viveremos
E será bom
pois a vida é a única
que não morre jamais.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Tempo, tempo

Chega! Não preciso dos seus trapos
Não necessito dos seu afetos maldosos, vazios
Nunca queira tentar me entender, sou incógnita da natureza
Sou apenas a parte desse mundo que só gira.
Vivo estaticamente as impetuosas curvas desse marginal,
Que mesmo incessante, não me lança pela tangente.
Vou, mas sempre volto, invito,
Pro mesmo ponto, na mesma intensidade.
Esse ritmo é o grande sufoco de meu ser.
E, se não consegues compreender, segue o teu.
E ainda, aproveitando que já te vais,
Leva contigo toda essa empáfia que de nada vale
Sem a minha ferramenta, sem meu objeto.
Ide, cresce, e quando resolveres aparecer
Não esqueças, manda-me o convite
Pois será um inesquecível momento de se registrar.
E os meu olhos querem guardar, sem exceção,
Todos e tudo nesse bizarro processo de transfiguração.

domingo, 4 de maio de 2008

Seilão

Fui recortando palavras
Na esperança de conseguir um significado
Usando-as de tal maneira
Que nem os atos eu ponderava
Nessa busca maluca
Fui descobrindo novos conceitos,
Desenvolvendo novos laços
Nesse fio tão simples
Que sempre esteve ali
Mas eu nem dava a devida importância;
Observando novas ideologias
Que sempre passaram por mim,
-Muitas vezes esbarrando até-
Mas eu não efetuei a comunicação;
Criando analogias que não considerava,
Devido à sua forma tão óbvia e quase imperceptível
De estar e cuidar, gerar sem criar;
E, por fim, acabei me dando conta
Que não haviam senão porquês e paraquês
Então desisti dessa epopéia e acabei aqui.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Para o Corvo, com louvor

Só a ti me refiro no que indispensavelmente precisar
Essa, última palavra será, e não espero retorno
De vós, ave de rapina, o mal agouro meu
O que apenas traz indevido transtorno
E converte, impune, sem por um instante hesitar
A totalidade d'um dia em um pavoroso breu!

Ai! Hei de combater-te!
Tentar expulsar a ti sem trégua!
Sebo nas canelas, oh infortúnio mal-vindo!
Vade-retro, desventura inoportuna!
Sois suindara, gato preto, anu,
Beija-flor-de-rabo-cinzento, urutau,
Espelho quebrado, o próprio mal
És o mais bastardo animal
Que já vi as garras o chão riscar!

Lhes digo, sem pensar, que não espero palavras tais
Voltando seguras, polidas num instruído cais
D'onde desembarca esse criterioso fugaz
Tentando de ludibriar a clamores e clichês virais
Com a dose mais estrambótica dos teus venenos mortais
Para mim, já inativos e banais!

És o prato vazio, o guardanapo usufruído
Fostes da perfeição ao irrefragável desfecho
De seres talvez a pior das criaturas,
Ou a mais infeliz, dentre as demais
E reitero, solene, sagaz:
Tu, corvo, agora te replico,
Never more, não mais, nunca mais!

____________________________________________________________________
Agradecimentos aos amigos pela maravilhosa partilha do reunIRIS, pela acolhida
e pela amizade. E ainda, pelo contato com uma maravilhosa roda de emoções
pulsantes, vibrantes, flamejantes e inspiradoras.

E também, ao ilustríssimo Edgar Allan Poe (1809-1849).

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Embebendo-se na alma

Prometi que
hoje seria aquele dia
Em que as memórias ficariam
- onde deveriam estar -
Se tal promessa for cumprida
de verdade
Talvez quem sabe um dia
possa viver intensamente,
E testemunhar novos momentos
dá muita avidez a
essa sede
De beber
da nova água ágape e
Provar de uma vez por todas que
estou aqui, bem exatamente
eu, onde sempre tive que estar
Nada é tão acaso quanto o caso
do descaso
De descascar o casco do fiasco
de fiar com confiança
A funda lança que
não descansa enquanto
não cumpre seu papel...

Canal

É o que liga
que vem conectar
Atua na minha vida
pegar de jeito
virar-me contra as pedras
mudando meu curso
movendo percursos
transformando espaços
revertendo opiniões
fabulando desgraças
concedendo prazeres
invadindo léxicos
convertendo sátiras
Mudanças jocosas
que ousam desafiar
Àqueles que fogem
de mim

Viajar

Conhecer
..Curtir
....Fotografar
...... Assistir
........ Visitar
.......... Observar
............ Andar
.............. Dançar
................ Beijar
Voltar.

Pensamento do dia 30/04/08

"Quando alguém realmente importa pra gente, é exatamente na coisa mais banal que se acha o canal pra expressar tal sentimento. E de uma frase simples se constrói, talvez, um momento de transformação."

terça-feira, 22 de abril de 2008

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sente

Quando conseguires ouvir
Tudo aquilo que meus olhos
querem te dizer
Talvez possa reproduzir
Toda a beleza que me encanta
as suaves palavras
Que pude ver um dia você dizer
Afinal de que serviriam os sentidos
Senão para traduzir tais belezas?
E te digo: Olha o que minhas palavras
vão te dizendo
E sente, e sente,
Pois de pé não se pode com calma

domingo, 20 de abril de 2008

Alegria

A vida já me faz mais todo o sentido.
Comer já me alimenta,
Beber já me mata a sede,
Andar já me leva a algum lugar,
Sonhar já me leva além,
Amar já me dá a alegria que me faz sentir
prazer em todas essas coisas.
Viver, é voar, já me faz sentir livre.

Piaf

Belissimo pardal desabrochou no coração do velho mundo
Que pulsava colorido com o canto ousado
Forte, belo e encantador
Pardal voou mundo afora
E a todos conquistou
Mas o céu era o limite
E Pardal queria sempre mais
Ele voou, mas seu canto ficou
E ainda posso ouvir
Ao longe
Ecoar
Momê Piaf !